Domingo de sol, mas o frio do lado de fora e a inércia de Adam e Jorge impossibilitam qualquer ação q não seja pedir um café e sorrir pra garçonete de olhos caribenhos.
- Peraí Adam, explica direito essa história
- Caro Jorge, com calma e nos detalhes, até porque merece. Estava eu na última quinta rodando pelo Pike Market, tentando me acertar na conversão de 200g de presunto por não sei quantos pounds de ham, quando fui abordado por um sujeito deveras simpático. Ele veio dizendo q o presunto da barraca do chinês era melhor q o presunto do tailandês e, como pra mim chinês e tailandês é tudo japonês eu me vi numa conversa meio sem sentido.
- Tá me dizendo q não consegue diferenciar chinês, japonês e tailandês?
- Tô, pra mim são como as bandas EMO, nada contra mas são todas iguais.
- Japonês e chinês até dá, mas tailandês e vietnamita é complicado pacas.
- Bom, independente. O fato é q o cara me chamou pra barraca de presunto do tailandês e na hora eu comecei a achar estranho. Gente boa o cara, mas o cachecol verde limão amarrado no pescoço, e o excesso de gestos me deu a impressão q a idéia dele era acabar com uma tábua de frios e um vinho Bordeux em plena Space Needle.
- Compraste o presunto do china e voltou pra casa?
- Se tivesse feito isso o Ricardo estaria aqui sentado com a gente.
- Hein?
- Dei um pouco de prosseguimento na conversa, comecei a falar sobre o modo frio e "boring" de Seattle, falei q era dificil de se fazer amigos por aqui, e por aí vai. Ele concordou e quis marcar de sair um dia desses. Eu topei na hora, e passei meu nome pro cara, quer dizer, passei o nome e o telefone do Ricardo. A idéia era só dar uma sacaneada no cara, mas como ele não apareceu até agora e o celular tá fora de área, tô achando q rolou.
Horas depois, com o tempo já nublado e a cafeína já bem acima da cota diária, finalmente o foco da conversa aparece. Ricardo entra, pega o Seattle Weekly, pede um expresso duplo, senta, abre o jornal numa página qualquer, e de cabeça baixa resmunga:
- Ninguém merece a noite passada.
- Ok, todo mundo já sabe q ontem rolou um blind date, então conta logo q a gente tá numa angústia absurda
- Como diabos eu ia imaginar? Eu tô saindo do trabalho, pensando em tomar uma cerveja, ligo pra vcs e ninguém responde.
- Eu chapei
- E o meu celular morreu
- Bom, eu tava na pilha de uma cerveja, faltava companhia, daí do nada toca um número estranho no meu telefone. Atendi e era um cara gente boa pacas dizendo q tinha me conhecido numa banca de presunto de um coreano
- Chinês
- Hein?
- A banca era de um chinês
- Foi vc entao fdp?
- Preciso confessar aqui ou já tá meio óbvio? Continua a história meu filho.
- Desgraçado, sabia q tinha um de vcs no meio, mas beleza Não tava entendendo nada e até expliquei q houve algum um engano, mas o fato é q o cara tinha um papo interessante, e como eu topo qualquer coisa pra aumentar minha rede de contatos eu acabei topando. Nos encontramos num bar excelente lá em Capitol Hill, um tal de Cha Cha, uma iluminação meio red light district, bem descontraído. Bebemos durante todo o happy-hour e qd a cerveja subiu de preço a fome já batia. Ele sugeriu irmos jantar na Space Needle, o otário aqui com 4 cervejas na cabeça foi.
- Peraí Adam, explica direito essa história
- Caro Jorge, com calma e nos detalhes, até porque merece. Estava eu na última quinta rodando pelo Pike Market, tentando me acertar na conversão de 200g de presunto por não sei quantos pounds de ham, quando fui abordado por um sujeito deveras simpático. Ele veio dizendo q o presunto da barraca do chinês era melhor q o presunto do tailandês e, como pra mim chinês e tailandês é tudo japonês eu me vi numa conversa meio sem sentido.
- Tá me dizendo q não consegue diferenciar chinês, japonês e tailandês?
- Tô, pra mim são como as bandas EMO, nada contra mas são todas iguais.
- Japonês e chinês até dá, mas tailandês e vietnamita é complicado pacas.
- Bom, independente. O fato é q o cara me chamou pra barraca de presunto do tailandês e na hora eu comecei a achar estranho. Gente boa o cara, mas o cachecol verde limão amarrado no pescoço, e o excesso de gestos me deu a impressão q a idéia dele era acabar com uma tábua de frios e um vinho Bordeux em plena Space Needle.
- Compraste o presunto do china e voltou pra casa?
- Se tivesse feito isso o Ricardo estaria aqui sentado com a gente.
- Hein?
- Dei um pouco de prosseguimento na conversa, comecei a falar sobre o modo frio e "boring" de Seattle, falei q era dificil de se fazer amigos por aqui, e por aí vai. Ele concordou e quis marcar de sair um dia desses. Eu topei na hora, e passei meu nome pro cara, quer dizer, passei o nome e o telefone do Ricardo. A idéia era só dar uma sacaneada no cara, mas como ele não apareceu até agora e o celular tá fora de área, tô achando q rolou.
Horas depois, com o tempo já nublado e a cafeína já bem acima da cota diária, finalmente o foco da conversa aparece. Ricardo entra, pega o Seattle Weekly, pede um expresso duplo, senta, abre o jornal numa página qualquer, e de cabeça baixa resmunga:
- Ninguém merece a noite passada.
- Ok, todo mundo já sabe q ontem rolou um blind date, então conta logo q a gente tá numa angústia absurda
- Como diabos eu ia imaginar? Eu tô saindo do trabalho, pensando em tomar uma cerveja, ligo pra vcs e ninguém responde.
- Eu chapei
- E o meu celular morreu
- Bom, eu tava na pilha de uma cerveja, faltava companhia, daí do nada toca um número estranho no meu telefone. Atendi e era um cara gente boa pacas dizendo q tinha me conhecido numa banca de presunto de um coreano
- Chinês
- Hein?
- A banca era de um chinês
- Foi vc entao fdp?
- Preciso confessar aqui ou já tá meio óbvio? Continua a história meu filho.
- Desgraçado, sabia q tinha um de vcs no meio, mas beleza Não tava entendendo nada e até expliquei q houve algum um engano, mas o fato é q o cara tinha um papo interessante, e como eu topo qualquer coisa pra aumentar minha rede de contatos eu acabei topando. Nos encontramos num bar excelente lá em Capitol Hill, um tal de Cha Cha, uma iluminação meio red light district, bem descontraído. Bebemos durante todo o happy-hour e qd a cerveja subiu de preço a fome já batia. Ele sugeriu irmos jantar na Space Needle, o otário aqui com 4 cervejas na cabeça foi.
- Jantar a dois na Space Needle, nada mal pra um primeiro encontro. Ele pagou a conta?
- Você não tem noção. Sabe aquela história q se sentar na frente de alguém vc fica longe pra um approach e do lado fica muito na cara? Pois então, o cara sentou na minha diagonal com a desculpa de q queria ver melhor a vista. Sentou, pediu uma tábua de frios e um Bordeaux. O cara era gente boa e tudo ia bem até a hora q...
- Ele meteu a mao na sua perna?
- Não, pior! Quer dizer, sei lá se é pior. Tudo ia bem até a hora q a mulher dele apareceu?
- Mulher? O cara era casado?
- Pelo visto sim. Só sei q a mulher chegou dando um escândulo, dizendo q já sabia q ele atirava pros dois lados, q estava tudo acabado entre eles e q ele poderia ficar com o viadinho latino q ele quisesse. Porra! Eu me senti um lixo!! Eu sendo confundido com um viadinho latino em pleno cartão postal de Seattle! Me senti um marido traído pq o cara em nenhum momento falou q era casado. Depois senti meu filme se jogando sem para-quedas lá de cima. Fiquei imaginando o Seattle Times de hoje com a manchete: "Mulher dá flagrante em marido bi na Space Needle"
- E saiu no jornal?
- Comprei o Seattle Times e o PI e graças a Deus parece q a minha imagem só foi abalada lá mesmo.
- E no final das contas? Saiu de lá como?
- A mulher deu um piti, ele tentando se explicar e eu dizendo pra ela q não era nada daquilo q ela estava pensando. Fomos obviamente convidados a se retirar do restaurante, pegamos o elevador de volta e, vou te dizer... a Space Needle é alta pra caralho. Ô elevador demorado aquele. O cara ainda quis me dar uma carona, mas aí eu falei q tava legal e q preferia voltar a pé pra casa pensando na vida. No meio do caminho parei num bar, pedi um Black Label e chorei.
- Chorou?
- Sim, chorei, e não tenho vergonha de dizer. O dia q vc passar por uma situação dessa vc vai entender.
- É... o dia q eu notar uma situação dessa surgindo pode ficar tranquilo, eu passo seu nome e telefone.
- Você não tem noção. Sabe aquela história q se sentar na frente de alguém vc fica longe pra um approach e do lado fica muito na cara? Pois então, o cara sentou na minha diagonal com a desculpa de q queria ver melhor a vista. Sentou, pediu uma tábua de frios e um Bordeaux. O cara era gente boa e tudo ia bem até a hora q...
- Ele meteu a mao na sua perna?
- Não, pior! Quer dizer, sei lá se é pior. Tudo ia bem até a hora q a mulher dele apareceu?
- Mulher? O cara era casado?
- Pelo visto sim. Só sei q a mulher chegou dando um escândulo, dizendo q já sabia q ele atirava pros dois lados, q estava tudo acabado entre eles e q ele poderia ficar com o viadinho latino q ele quisesse. Porra! Eu me senti um lixo!! Eu sendo confundido com um viadinho latino em pleno cartão postal de Seattle! Me senti um marido traído pq o cara em nenhum momento falou q era casado. Depois senti meu filme se jogando sem para-quedas lá de cima. Fiquei imaginando o Seattle Times de hoje com a manchete: "Mulher dá flagrante em marido bi na Space Needle"
- E saiu no jornal?
- Comprei o Seattle Times e o PI e graças a Deus parece q a minha imagem só foi abalada lá mesmo.
- E no final das contas? Saiu de lá como?
- A mulher deu um piti, ele tentando se explicar e eu dizendo pra ela q não era nada daquilo q ela estava pensando. Fomos obviamente convidados a se retirar do restaurante, pegamos o elevador de volta e, vou te dizer... a Space Needle é alta pra caralho. Ô elevador demorado aquele. O cara ainda quis me dar uma carona, mas aí eu falei q tava legal e q preferia voltar a pé pra casa pensando na vida. No meio do caminho parei num bar, pedi um Black Label e chorei.
- Chorou?
- Sim, chorei, e não tenho vergonha de dizer. O dia q vc passar por uma situação dessa vc vai entender.
- É... o dia q eu notar uma situação dessa surgindo pode ficar tranquilo, eu passo seu nome e telefone.
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