Sunday, September 2, 2007

Um dia como outro qualquer

O texto abaixo nao é meu, mas acho q é fácil saber quem me mandou.
Teve gente aqui em casa q achou melhor deixar quieto pra não se expor, mas eu liguei o foda-se e taquei no ventilador.

"
Quarto já não tão escuro. Celular apitando. É o que significa: hora de acordar. Rodrigo sabe muito bem disso, mas vale a pena enrolar um pouco debaixo da coberta. Não só por causa do frio de Seattle, mas por causa do barulho da chuva fina que caía naquela manhã. Dá uns dez minutos na cama, pensa no dia que terá pela frente, no outro que se passou e resolve levantar. Com o pé direito. Não que ele fosse supersticioso, mas mal não iria fazer.

Hermann também acorda. Só que antes de abrir os olhos, torce com vontade para que seja sexta-feira. Sempre faz isso, religiosamente, e se acha o cara mais sortudo do mundo quando funciona. No entanto, infelizmente, aquele não era um desses dias abençoados e ele se vê obrigado a levantar. Trabalho. Aquilo que dizem enobrecer o homem. Dizem... Hermann jura que ainda consegue provar para a humanidade que outras coisas podem ser muito mais divertidas e terem o mesmo efeito.

Rodrigo faz tudo com calma, antes de sair. Toma um café da manhã caprichado, lê algumas notícias na internet e ainda manda um breve e-mail pessoal. Checa se tem alguma conta para pagar, pega os papéis em cima da mesa e se veste. Escolhe uma blusa branca, sem muitos detalhes, mas bonita por ser simples. Pega a carteira, a chave do carro e parte para a Microsoft, onde trabalha.

Hermann se arrasta pela casa, com uma preguiça que só ele sabe. Banho de manhã? Nem pensar! Nada de tirá-lo daquele estado de inércia prazeroso. Toma um copo de leite, só pra não dizer que não comeu nada de manhã. Escolhe uma blusa colorida, coloca seu relógio vermelho, pega o Ipod, chave do carro e sai de casa. Opa! A carteira! Dá um desconto, vai... O dia ainda nem amanheceu.

Carro, trânsito, trajeto. No som: nada. Os pensamentos de Rodrigo estão tão altos que ele nem repara a falta de música. Trabalho, velhos amigos, novos amigos, decisões, EUA, Brasil...

Carro, trânsito, trajeto. No som e bem alto: “Favourite Worst Nightmare”, CD dos Arctic Monkeys. Aliás, está chegando o dia do show deles!

Rodrigo entra na sala com um “bom dia” para o chinês que já digitava freneticamente. Não em chinês, lógico. O inglês pode quebrar o galho nessas horas para que o mínimo de diálogo seja estabelecido entre colegas de trabalho. Quer dizer, em outros casos o resultado costuma ser melhor. O chinês não é muito de papo e o assunto morre logo após o “bom dia”. Como vê que dali nada vai sair, resolve ligar o computador para ler os e-mails do dia. Fato: terão várias reuniões marcadas, algumas atualizações que ele precisa acompanhar e dados importantes a serem conferidos.

Hermann mal chega à sua sala e se joga na cadeira. Em um primeiro movimento, vai para a frente e encosta a cabeça na mesa. Fica por um tempo em silêncio, embora o pensamento não pare: “Que raios estou fazendo aqui? Neste país e nesta sala!”. Já em um segundo momento, aproveita a mobilidade da cadeira e se joga pra trás. Novamente silêncio. Dá então um suspiro comprido e resolve levantar para pegar uma coca. Chega de sono! Hora de acordar. Veja bem, coca-cola, não café. Para despertar, é melhor apostar em um produto que os americanos sabem, realmente, fazer. Café, com certeza, é que não é.

Trabalho, computador, bug, computador, trabalho, bug, computador, trabalho...

MSN, trabalho, MSN, trabalho, MSN, música, MSN, música, MSN, MSN,... bug, bug, BUG! É melhor dar uma volta pela empresa para espairecer e clarear as idéias. Nesse meio tempo, passa pela porta da sala de Rodrigo. Pára um pouco, estica o olho e vê o cara resolvendo todos os pepinos que aparecem. “Que empolgação! Será que um dia eu fico assim?”. Fica ali um tempo sem ser notado admirando um trabalho bem feito e depois sai para pegar outra coca.

Rodrigo almoça sempre em um lugar perto da Microsoft. Sabe como é, não dá pra perder tempo comendo com tanto trabalho o esperando. Além do mais, é por isso que está longe do Brasil e das pessoas que gosta. Opções escolhidas na vida... Ele não esquece seu país, muito pelo contrário. Morre de saudades! Não há um dia que não pense nisso. Ainda mais por conta dos amigos. Nos EUA não encontrou ninguém como a galera do Rio. Ah! Mas não dá para ficar comparando. Ele tinha que parar com essa mania. Se ele pretende ter sua independência e levar uma vida mais segura, podendo parar em um sinal de trânsito tranquilamente, por exemplo, precisa abrir mão de certas coisas. No Rio de Janeiro não dá para ser assim... Prioridades.

Hermann custa a sair para comer. Espera por um, espera por outro e só se dá por satisfeito quando consegue arrumar um grupo de amigos considerável para almoçar. Enrola, conversa, ri das histórias dos outros, conta as suas e se esquece da hora. Até que um dos caras lembra: “Vem cá, não é hoje que começa, na internet, a venda de ingressos para aquele show?”. Putz... Hora de voltar para o trabalho. E rápido!

Rodrigo volta para o trabalho, mas na fila para pagar sua refeição repara em um grupo animado que ainda almoça. Reconhece Hermann, um brasileiro que fica perto de sua sala na Microsoft. “Tem horas que eu queria relaxar dessa forma. Esse cara é feliz aqui. Sempre saindo, sempre inventando alguma moda. Taí! Será que um dia eu fico assim?”. Pensamento interrompido pela moça do caixa. “What can I do for you?”.

Antes de comprar o ingresso para o tal show, Hermann manda e-mail para todos na MS! “Quem anima me acompanhar nessa?”. Aí começa aquele processo de sempre. Mostrar quem são os caras da banda, o que eles tocam, por que vale a pena assistir o show... Ufa! Consegue, pelo menos, três perdidos empolgados. Missão cumprida! Hora de comprar os ingressos. “Ixi... bug!! Ah, ele que espere um pouquinho”. Compra feita.

Rodrigo sai tarde do trabalho. Dia movimentado, cheio de reuniões e problemas. Só que antes de ir para casa precisa passar no supermercado. Vai fazer aquela janta para ele. Está ficando craque na cozinha com essa coisa de morar sozinho. E até gosta desse momento Olivier Anquier.

Hermann sai tarde do trabalho. Resolveu fazer uma hora para ir direto para o cinema. Está passando um filme que há tempos está querendo ver. Enquanto isso, conversa no MSN com algumas pessoas que estão no Brasil. Às vezes até pede pra alguém ligar para que possa ouvir a voz e assim ficar mais próximo daquele povo. Voz é outra coisa, né? Dá até para esquecer por alguns minutos que ele está nos Estados Unidos. Caraca! Hora da sessão! Go GO GO.

Rodrigo sai com tantos papéis na mão que nem olha por onde anda.

Hermann sai tão voado que nem olha por onde anda.

E nesse ritmo, Hermann acaba esbarrando em Rodrigo. Vai entender essas coincidências da vida... Talvez os dois precisassem se encontrar... Enfim, papel por todos os lados!

“Desculpa, desculpa”, diz Hermann. “Esse negócio de sair atrasado dá nisso”.

“Relaxa, cara... Essas coisas acontecem...”, diz Rodrigo até rindo um pouco da situação.

Os dois saem catando a papelada no chão.

“Aliás, eu to indo ao cinema! Não anima, não? Dizem que esse filme é bom demais!”.

“Cinema é uma boa! Mas cara, agora complica... Ainda vou fazer compra no supermercado. Vou aproveitar que agora é mais tranqüilo”.

“Ai, nem me fale... Eu só tô enrolando pra fazer isso! Não quer fazer a compra pra mim também, não?“.

“Só se você vir o filme por mim!”.

“Fechado!”.

E os dois morrem de rir.

“Bom, tenho que ir. O filme já está pra começar”, afirma Hermann já se despedindo.

“Vai na boa, cara! Um dia a gente ainda combina de sair juntos pra tomar uma cerveja!”.

“Eita! Você gosta? Impressionante!”

“A vida não é só feita de trabalho... Eu tenho essa noção”.

“É... Na verdade, ninguém sabe, realmente, o que se passa dentro da gente, né?”, afirma Hermann.

“Ô!”

“A conversa tá boa, mas agora vou! Bom falar contigo”.

“Eu digo o mesmo! Quando for passear pela Microsoft, vê se passa lá na sala. Eu posso parar pra gente conversar um pouco”.

“Um pouco, né?”, e sorri.

“Já é alguma coisa!!”, e retribui o sorriso.

“Até mais então, Rodrigo!”.

“Falô Hermann!”.

E cada um vai para um lado. Rodrigo ainda olha pra trás e pensa “Gente boa esse cara”.

Hermann ainda corre pra não perder a sessão, mas promete pra si mesmo “Vou passar ainda na sala desse cara”.

Vida que segue...
"

4 comments:

Anonymous said...

Eu sei quem escreveu...lá lá lá
Quem pediu pra não se expor? O rodrigo...rs

Unknown said...

Muito Bom.
Eu espero, que o Rodrigo e o Hermann tenham se encontrado, e fiquem cada vez mais juntos.
Beijos

Anonymous said...

Pô,você foi tão rápido em colocar no blog que eu nem consertei os erros de português do texto.

Ok, pode falar, eu sou psicótica!;o) Mas tem erros!!rs

Beijo grande
pro Rodrigo e pro Hermann.

Anonymous said...

Fala Hermano e Rodrigo, muito bom esse "encontro casual" de vocês!!! Não deixem de marcar para sairem juntos.

Abração!