Tuesday, October 30, 2007

Invadindo a sua praia

Muita gente não tava sabendo, mas eu entrei numa fase do processo do green-card que deixou minha ida pro Rio em suspense, isso pq eu estava proibido de colocar os pés fora dos EUA enquanto não pintasse um documento. Bom, o documento pintou semana passada, portanto, agora não tem volta, ou melhor, agora eu posso dizer que volto.

É um fato, tô chegando no Rio daqui há 3 semanas (22/11) e o roteiro como todo mundo já sabe será incessante, frenético, non-stop, de doer as pernas e se depender de mim e de vocês... melhor do que no ano passado.

Ainda tá um pouco cedo pra organizar a agenda, mas considerando o fato que chegarei na quinta, diria que um barzinho seguido de Matriz é mais do que uma obrigação. O resto das férias eu vejo com o tempo. Certeza mesmo eu só sei tenho uma: dormir é perda de tempo, melhor deixar pra fazer isso no avião de volta e no inverno chuvoso de Seattle.

Fica um vídeo de 3% do que foi a loucura nada saudável mas indispensável da viagem do ano passado.

Monday, October 29, 2007

Digitalism

Saiu mais uma historinha de show lá no .::musicness::. Dessa vez é do Digitalism que rolou semana passada no Chop Suey.
Se tiver tempo, interesse e/ou paciência passa lá clicando aqui.

Sunday, October 28, 2007

Aja Pipoca

Toda semana estréia um catatau de filme nos cinemas e é bem complicado se manter em dia, pra nao dizer impossivel.

Pra se ter uma idéia o que anda na fila pra ser visto: Elizabeth, Control, Michael Clayton, Dan in Real Life, Gone Baby Gone, The Assassionation of Jesse James, The Darjeeling Limited, The Kingdom e Lust, Caution. E dou graças à Deus que Into the Wild e Eastern Promises já foram devidamente apreciados.

Daí quando vc acha q vai tirar o final de semana e desempilhar pelo menos um da lista, o que acontece? O Cinerama, o cinema de rua mais foda de Seattle (dois andares, cadeiras felpudas, cortina, tela de 27x10 metros, etc.) resolve passar Blade Runner Final Cut. Não teve jeito, nesses casos clássico sempre tem prioridade.

Festival do Rio perde.

Thursday, October 25, 2007

Deu cria

Existe um culpado pelo meu sumiço de uma semana.
A Microsoft pediu pro pessoal de Seattle criar blogs individuais sobre o dia a dia em Redmond, entrei na história e o resultado é esse aqui http://fooblog.spaces.live.com/. Provavelmente será parecido com esse aqui, talvez só um pouco mais quadradinho.

Assinem mais um RSS ou me coloquem de novo nos favoritos, afinal, o q tem lá nao tem aqui e o q tem aqui não tem chance de ir pra lá.

Thursday, October 18, 2007

Mundo Moderno

Usando o MSN do meu celular, dentro de um ônibus com wi-fi, conversei com amigos no Rio enquanto cruzava a baia de Seattle.
Foi tudo tão simples que fiquei assustado.

Wednesday, October 17, 2007

Você está ótima!

Diálogo verídico entre duas mulheres enormes de gordas.

- Você está linda com essa roupa!
- Obrigada, mas é q eu emagreci 3 kilos
- Acho até que deveria pegar suas roupas de gorda e me dar todas.
- Hahahhaha que isso, não exagere.
- Desculpe, não deveria ter usado a palavra gorda.
- Não tem problema em usar essa palavra, até pq você tb não é gorda.
- Nem você.

--------------------
Definitivamente há uma linha tênue entre a educação e a hipocrisia.

Tuesday, October 16, 2007

A Dança dos Vampiros

Certos filmes ficam arquivados na nossa memória de pirralho. Aqueles não necessariamente ruins, mas q foram assistidos nas piores condições. Versões dubladas, mutilidadas e interrompidas por comerciais do supermercados disco. Gravado num especial de fim de ano numa fita VHS Basf em um videocassete de 4 cabeças não tão auto-limpantes assim. Transcodificado à força transformando qualquer paleta de cores em um tom vermelho cinza pálido.

Se tem um filme que se encaixa fácil nessa categoria é A Dança dos Vampiros, fazia tanto tempo que eu nem imagina q a Sharon Tate era bem mais interessante o velhinho atrapalhado. Polanski? Nome tão complicado que na época eu dificilmente conseguiria falar sem me enrolar.

Anos depois, eis q surge a possibilidade de assistir Fearless Vampire Killers (título americano) no cinema, em tela grande e versão... ok, a versão era um lixo, mas era a original e nao tinha nenhuma vinheta da globo metendo um plim-plim no meio.

Excelente, engraçado pacas, pastelão sem excesso, entendi tudo que não tinha nem como ter entendido antes, e a Sharon Tate... ahhh.

Monday, October 15, 2007

Justiça seja feita

E foi. O show do Justice dia 12 foi o melhor presente de dia das crianças dos meus últimos anos. Talvez o melhor show que tenha assistido em meus tempos de Seattle.

O texto foi parar lá no .::musicness::. Se tiver com saco de me ver escrevendo sobre música de novo, é só clicar aqui.

Sunday, October 14, 2007

Idade média: Meses

É tanto álbum saindo e tanta banda nova surgindo que chega uma hora vc se toca do inevitável: é conteúdo demais pra pouco tempo.
Tentando contornar a situação, adotei uma medida radical: dentro do iPod só serão permitidos álbuns de 2007 e no máximo 6 álbuns de 2006.
2005 pra baixo, só em casa ou no trabalho.

Thursday, October 11, 2007

Nirvada-Ilustrado-Deixa-Pra-Lá-Tour

Me juntei ao Lúcio q resolveu passear por essas terras frias, e guiado por um texto do Washington Post saímos em busca da história do Nirvana. Colocando tudo em ordem e dando uma dramatizada forte, formou-se assim o post Nirvada-Ilustrado-Deixa-Pra-Lá-Tour. Uma história baseada em fatos irreais digna de um belo Supercine.

Kurt Cobain era um garoto pobre, filho de vendedores de baralhos temáticos em Alberdeen, WA

Kurt Cobain- um dócil menino

Alberdeen, única cidade no mundo que comemora o dia do Tom Cruise

Em 1980 Kurt visitou Seattle com os pais em uma caravana. Não se sabe o motivo real, mas Kurt não voltou com os pais e se tornou músico atuante e nada reconhecido no Pike Market

Caravana Alberdeen - Seattle

Kurt com seus amigos tocando nas ruas de Seattle


Vivendo na miséria Kurt Cobain conheceu em uma das esquinas seus companheiros de banda Dave Grohl e Krist Novoselic onde se juntaram e formaram a banda Nirvana com o único intuito de pegar menininhas bonitinhas de sainha rodada e franjinha na testa, mas se não desse qq gordinha com calcinha de pele já seria mais do q suficiente.

Dave Grohl

Krist Novoselic


Após muita dedicação e encheção de saco, a banda finalmente conseguiu agendar um show no Central Tavern.

Central Tavern - bar reconhecido por apresentar bandas sem viabilidade comercial ou auditivas

Como esperado, o show não se realizou por falta de público. Uma semana depois o Nirvana conseguiu agendar um show no salão de cabelo Vain. Após o show Kurt vomitou no estacionamento ao lado, apesar de muitos alegarem nervosismo, o motivo real foi a péssima qualidade das empadinhas servidas no couvert artístico.

Vain - loja e hair dresser especializado em máquina 4

Parking Lot - a azeitona da empada ficou 3 dias sobre a vaga 42 até ser atropelada por um Hummer

A diretora da gravadora SupPop estava na Vain de passagem, achou Kurt um gato e resolveu adotá-lo.

Por motivos pessoais a diretora da SubPop pediu para não ter seu nome divulgado

SubPop - porta por onde o Nirvana entrou para assinar seu primeiro contrato. Todos exceto Kurt entraram com o pé direito

Com o contrato assinado, o Nirvana começou a tocar nos principais programas de tv, entre eles Cool Sunday e Faust's Big Sunday (este último ainda gravado no teatro Moore)

Moore Theater - Atingiu seu auge durante os Shows de Calouros nas noites de domingo

Com a carreira em ascensão e uma família desestruturada, Kurt Cobain se afundou nas drogas. Enquanto o resto da banda mantinha a linha com maconha e groupies, Kurt se viciou em heroína e Courtney Love. Numa dessas noites sem limites, Kurt foi ao Ok Hotel e entre as pernas de Courney criou a música Smells Like Teen Spirit.

Courtney Love

Ok Hotel - às 10:05pm hóspedes do quarto ao lado pediram educadamente à Courtney que diminuísse o agudo e abafasse o grave, foram prontamente atendidos

O lançamento do álbum Nevermind, foi marcado na casa de shows Re-bar, a banda estava tão fora de tempo q os convidados começaram a lhe tacar comida, o caos se espalhou e todos acabaram sendo expulsos.

Re-bar - hoje apenas um bar de cardápio limitado à cervejas quentes e água mineral (sem gás)

Com a banda em decadência devido às drogas, o Nirvana não conseguia mais marcar shows em Seattle, a solução passou a ser abrir shows de bandas de amigos, entre eles Mudhoney no Crocodile.

Crocodile - ao anunciar que a banda de abertura seria o Nirvana, metade dos pagantes se viraram de costas, Courtney Love foi a única a continuar voltada ao palco


Em busca de uma reabilitação Kurt Cobain se juntou à Courtney Love e juntos foram morar numa casa afastada do centro. 3 meses depois do mais puro tédio, Kurt se matou com um tiro de espingarda na cabeça.

Kurt Cobain's House - em todas as teorias sobre sua morte a cadela esganiçada que latia 24 horas por dia do vizinho sempre aparece como uma das culpadas.

Por pura coincidência acontecia na International Fountain uma feira de roupas de flanela. Muitos preferem ignorar o fato e atribuir as 7 mil pessoas no local como q estivessem em busca de notícias sobre o fim trágico de Kurt Cobain

International Fountain - Escrever o que? A fonte é tããão bonita


Kurt Cobain foi cremado em Abril de 1994 e parte de suas cinzas pode ser encontrado em um dos banco do Viretta Park

Viretta Park - Cinzas no potinho ali no cantinho do banquinho

FIM

--------
Ok, talvez tenha pegado pesado e metade dos leitores q chegaram aqui procurando uma história decente esteja a essa altura me dedicando bonequinhos de vudu.
Quem procura uma história menos Supercine e mais History Channel, aconselho fortemente dar uma passada no blog do Lúcio, lá sim a história é verídica.

Wednesday, October 10, 2007

Let the revolution begin

De verdade... os caras merecem

Monday, October 8, 2007

MS's Acronysms

BTW FYI IMHO AFAIK THE ETA IS EOD, TIA
PS: TINSTAAFL <EOM>

Quem matar primeiro ganha um doce.
Renato, Sérgio e Flávio estão fora por terem ajudado no post

Os 5 Sem Sentidos

O surdo
Era meio viciado em música. E quando digo “meio” é porque na outra metade estava seu radicalismo. O q é até interessante imaginar uma pessoa radical ter dois lados iguais, mas enfim, era um sujeito radical viciado em música.
Ouvia todos os primeiros álbuns das bandas, mas com sua facilidade de generalização dizia que todo segundo álbum não prestava. Adorava bater boca sobre assuntos que entendia, no entanto, apesar de bater boca sobre todos os assuntos, nunca escutava a opinião alheia.
Um dia, comprou um iPod e o colocou no ouvido. E como era de se esperar, colocou o volume no máximo como toda pessoa de extremos faria... No mesmo momento ficou surdo para o mundo.
Ouvindo sua banda predileta, recém descoberta do final de semana, sua vida se transformou. E de uma hora para outra se sentiu sem a obrigação de ouvir nada que não lhe interessasse. Opiniões adversas seriam facilmente ignoradas, esporros de chefe seriam via e-mail, burrice de mulheres bonitas não seria mais problema, buzinas, trânsito e sotaques inintendiveis eram coisas do passado. Havia conseguido controlar um dos seus 5 sentidos e se sentia bem com isso, Melhor, tinha certeza que passaria o resto de sua vida surdo para o mundo. E assim se fez, quando aos 2'47'' da faixa 3 foi atropelado por um ônibus enquanto atravessava a 5a. Avenida.

O cego
Sua miopia era como a chuva de Seattle: nao molha, mas pertuba. Saía a noite sem óculos, mas era obrigado a dirigir com as lentes. Trabalhava numa boa, mas tinha que estar de óculos nas horas das apresentações. Enxergava todo o filme, mas perdia o detalhe por debaixo da camisa justa da Scarlett Johansson.
Um dia, durante a noite, seu local de trabalho ficou sem luz, sem mais nem menos. Assim, sem enxergar um palmo diante do nariz foi obrigado a se virar como um cego. Achou a experiencia interessante e na hora de ir embora improvisou uma bengala com um cabo de vassoura. Deixou o carro na garagem e resolveu caminhar até sua casa como um cego por opção. Gostou e, portanto, adaptou-se à cegueira voluntária, usando apenas sua imaginação.
A partir de então, o dia se tornou azul apesar de cinza, seu chefe era mais atencioso, furava fila nos supermercados e era prontamente atendido nas lojas de discos. As vozes aveludadas das mulheres as deixavam todas lindas e os carros paravam para lhe dar passagem. Enfim, o mundo era um paraíso.
E para o paraíso ele foi ao ser atropelado por um ônibus, que resolveu seguir adiante em vez de pisar no freio.

O entupido
Sujeito de nariz grande sempre sofreu com as consequências, no entanto, nunca se importou com as zoações do colégio, Seu maior problema era sua capacidade olfativa.
Durante um final de semana, foi com amigos à Alki Beach, uma "praia" de Seattle e seus amigos apostaram que seu medo por água fria o impediria de entrar nas águas gélidas de Pudget Sound. O resultado foi uma caixa de cerveja a mais em sua geladeira acompanhada de uma gripe de dois meses, inviabilizando seu nariz para todo e qualquer cheiro.
O sentimento de perder o olfato no início lhe parecia algo estranho e irritante, mas com o tempo vantagens começaram a ser percebidas. Já com o fim da gripe, ele tinha certeza que preferia viver sem aquele sentido.
Assim, toda manhã, antes de entrar no banheiro colocava tubos de algodão em suas narinas. Sua vida melhorou enormemente. O cheiro dos becos sujos de Seattle não era mais problema, a multiplicidade cultural de seu trabalho não mais o incomodava e a comida de seu companheiro de sala deixara de ser um empecilho.
Um dia, sofreu um acidente enquanto viajava cercado de sovacos inofensivos para o trabalho. Seu ônibus perdeu o controle, capotou e atropelou um posto de gasolina. O fogo não teria se espalhado e todos não teriam morrido se suas fossas nasais lhe tivessem avisado que não era seguro acender um fósforo, no meio de tanto vapor de gasolina por perto.

O mudo
Era tímido, daquele gênero que tem vergonha de dizer “bom dia” pro espelho. Andava de cabeça baixa com medo dos olhos dos desconhecidos. Falava pouco, pois tinha a impressão que ninguém o entenderia naquela cidade de língua estranha e sotaques esquisitos. Saía à noite, mas se recolhia na apatia esperando que a noite acabasse. Uma vez, a noite não acabou.
Uma linda menina lhe dirigiu a palavra e ele ficou sem reação, travou e de sua voz só saiu um grunhido. A menina, devido a má interpretação gerada pelo álcool, o julgou como mudo, o que a levou a relembrar antigas taras sexuais sobre grunhidos de mudos na cama. A paixão foi avassaladora e daquela noite saiu um casal de apenas uma voz... A dela. Resultado: adotou a mudez e assim ficou.
Com o tempo, sua voz, realmente, deixou de ser importante. Afinal, além de uma linda mulher, tal ausência lhe deu outras vantagens, como não precisar se expor nas reuniões de trabalho, não se fazer entender com sua incompetência naquela língua, ou até mesmo ignorar seu porteiro que tinha como único assunto os Seattle Mariners (baseball).
Após um dia cheio de trabalho, onde escutou muito e não disse nada, o ônibus em que estava foi parar dentro de um posto de gasolina. Ainda cambaleando viu um sujeito pegar um isqueiro e acender. Não se sabe o porquê de um sujeito acender um fósforo no meio de um acidente. A causa mais provável é um furo no roteiro. O único fato que se sabe é que se ele desejava sair vivo dali, abrir os braços mantendo sua mudez não foi uma idéia muito eficaz.

O sem tato
Sofria com o peso das consequências, e por essas e outras não tomava atitude nenhuma. Morria de medo de escrever seu futuro e assim acabava sendo levado em função dos outros. Um erro na passagem aérea fez com que parasse em Seattle em vez de Nova York. E lá ficou devido ao medo de ir embora.
Saía para onde lhe mandavam, fazia o que lhe pediam, ouvia o que o radio tocava, assistia o que a TV transmitia, era um ser passivo, inexpressivo e por que não inexistente. Talvez pelo fato de seus vizinhos não ligarem a mínima, um dia, foi eleito síndico do prédio.
De início, entrou em pânico, mas logo aprendeu a gostar daquele poder. Começou por quebrar as leis defendidas pelos moradores e em pouco tempo perdeu a noção do certo e errado. Ligou o foda-se para as consequências e virou o sujeito mais sem noção, irresponsável e sem tato do prédio, do bairro e até onde se sabe, da cidade.
Festas em sua casa duravam até o amanhecer ou até a polícia aparecer. O trabalho explodia? Ele saía para pescar, Bebia e dirigia. Economizava uma grana nos bares por não dar os 15%. Fazia o que bem queria e assim era feliz, mesmo com todos em volta sofrendo as consequências por tamanha falta de tato com a vida.
Um dia, saindo apressado, pegou o ônibus errado e ignorou a placa de “proibido falar com o motorista”. Pediu pra descer ali mesmo e o motorista nao liberou. Ele insistiu, o motorista se enfezou e uma discussão começou.
A briga só acabou quando o motorista, tentando evitar que ele abrisse a porta à força, perdeu o controle do ônibus, atropelou um cego, um surdo, adentrou num posto de gasolina, e, quando tudo parecia menos trágico, um doido com as narinas entupidas de algodão fez o favor de acender um fósforo. No meio de tudo, um mudo abria os braços como q dizendo... fudeu.


Do outro lado da cidade um sujeitinho narigudo, meio míope, ouvia uma música ambiente e resolvia criar um blog pra mentir com segurança e, quem sabe, se fazer ouvir.

Wednesday, October 3, 2007

Bonde do Role

Quarta passada teve show do Bonde do Role por aqui. Só q dessa vez em vez de escrever qualquer baboseira por aqui, o texto com o vídeo ficou mais bonitinho e foi parar no blog .::musicness::.

É isso aí, de uma hora pra outra acabei virando correspondente internacional... vai pra lá.

Tuesday, October 2, 2007

Música é que nem bala

Esse blog nunca foi sobre coisa nenhuma, sendo assim me reservo no direito de falar sobre tudo. Como todo mundo só faz comentar o lançamento do novo álbum do Radiohead, eu resolvi dar meu pitaco por aqui.

Cheguei a conclusão simples do título: música é que nem bala.

Tem bala boa e bala ruim. A grande maioria gosta de frumelo, mas sempre tem uns alternativos q preferem aquela de canela ardida. Tem bala que gruda no dente, as que descem sem esforço e as que são amargas de doer. Enfim, música é que nem bala.

Pensando cá com os meus botões comecei a perceber que a relação é muito mais ampla do que parece. Propaganda, embalagem, opiniões tudo vale pra se conhecer uma bala, mas vc só sabe mesmo se ela presta quando resolve experimentar. Música é ou não é igual?

Raramente vc compra no baleiro da esquina a bala da embalagem mais bonita. Normalmente vc compra aquela q já conhece e sabe que gosta, ou pelo menos compra uma com o sabor de sua preferência. Música é ou não é igual?

E como vc conhece uma bala? Seu amigo te oferece, vc aceita, ele te passa a bala, vc come a bala de graça e pronto. Se gostou pode ser que vc compre, ou então fique apenas pegando balas dos amigos. Música é ou não é igual?

Agora imagina que ridículo seria se os baleiros resolvessem que os amigos não podem mais trocar balas entre si. Que vc pode comprar a bala, mas ela só pode ser mastigada em casa. Que a bala é sua, mas vc não pode dividir com os amigos ou com quem quer que seja. Pois é, tem gente que acha que a música deve funcionar assim, ainda bem que isso parece estar mudando.

Lá pelo final do século passado um sujeito resolveu trocar músicas com os amigos pela internet, foi um sucesso e em pouco tempo todo mundo tava fazendo igual. As gravadoras ficaram com medo e começaram a bolar mil idéias pra evitar que isso ocorresse. Coitadas, por pura ignorância do poder, elas se acharam as rainhas da cocada preta e esqueceram que são apenas atravessadoras de mercadoria. Criaram uma péssima imagem com o público, continuaram explorando o artista, e em pouco tempo o fornecedor e o consumidor passaram a odiar o atravessador.

Era só uma questão de tempo pra uma grande banda virar pra gravadora e dizer em alto e bom som: "so long and thanks for all the fish". O Radiohead saiu na frente e fez mais esse favor à música. Ao invés de brigar com sua legião de fãs, resolveu entrar num acordo bom para ambas as partes e péssimo pro atravessador. O novo álbum vem aí (10/10) e cada um paga quanto quer e pronto. Restrições quanto à sua distribuição? Nem pensar, a música é sua e vc faz o que bem quiser com ela.

E agora o que acontece? Se o Radiohead for bem sucedido e ganhar rios de dinheiro com essa iniciativa, eu fico me perguntando se ainda haverá motivo das grandes bandas manterem um contrato com as gravadoras. E sem as grandes bandas, as gravadoras vão fazer o que?

Talvez devessem atuar como incubadoras, daquelas que desenvolvem um artista, dão toda a infra-estrutura necessária, mas sabem que mais cedo ou mais tarde esse artista vai conseguir andar com as próprias pernas, e aí... aí é hora de começar de novo.

Voltando às balas, hoje em dia a fábrica famosa e o consumidor não precisam do baleiro, existe um serviço à domicílio muito mais eficiente. Cabe agora ao baleiro sair atrás de balas boas mas ainda desconhecidas do público. Talvez o baleiro nunca mais consiga ter tanto dinheiro como antigamente, mas certamente será capaz de sobreviver, e ainda fará seu filme com as criancinhas do bairro.

PS: já anda rolando uma história q haverá uma versao do álbum nos moldes convencionais, mas essa nao chegaria antes de 2008 e, ainda não se sabe qual gravadora assumirá o risco.